Mulher por trás de denúncias contra Cacau Show responde por desvio de R$ 470 mil, diz coluna 2r5af

Da Redação
As denúncias que colocaram a Cacau Show no centro de uma polêmica nas redes sociais ganharam um novo capítulo. Segundo informações da coluna de Leo Dias, do Portal Metrópoles, a responsável pelo perfil “A Doce Amargura”, que revelou relatos de abusos e rituais supostamente praticados dentro da empresa, responde a um processo na Justiça Federal por peculato — crime cometido por servidor público ao se apropriar de recursos públicos.
Por trás do pseudônimo “Helena do Prado”, utilizado no perfil que viralizou no Instagram, está Náira Celi Alvim, ex-servidora da Caixa Econômica Federal. Ainda de acordo com a coluna, ela foi condenada em primeira instância em junho de 2024 a dois anos e seis meses de prisão pelo desvio de cerca de R$ 470 mil da agência da Caixa em Vargem Grande do Sul (SP), em 2016. A Justiça também determinou que Náira devolva o montante atualizado, estimado em R$ 750 mil.
Na época dos fatos, Náira atuava como tesoureira e era responsável exclusiva pelo abastecimento dos caixas eletrônicos. Conforme apurado pela Polícia Federal, os desvios ocorreram em seis datas distintas, todas durante o seu expediente. A suspensão das movimentações durante o período de férias da funcionária reforçou as suspeitas do Ministério Público Federal.
Relatos de colegas e imagens de segurança, segundo Leo Dias, também apontam comportamentos suspeitos. Ela teria o hábito de levar bolsas volumosas ao trabalho e as escondia em locais fora do alcance das câmeras. Parte do dinheiro teria sido usada para financiar viagens internacionais com o marido e a filha, incluindo o pagamento de mais de R$ 3 mil em espécie a uma companhia aérea — gasto considerado incompatível com seu padrão de vida.
Apesar da condenação, o caso ainda está em fase de recurso, e aguarda decisão da segunda instância.
Denúncias contra a Cacau Show
O perfil “A Doce Amargura” ganhou notoriedade ao publicar uma série de relatos de ex-funcionários e franqueados da Cacau Show, acusando a empresa de manter práticas abusivas e de funcionar como uma suposta “seita corporativa”. Os depoimentos incluem descrições de cerimônias realizadas em salas iluminadas por velas, com funcionários vestidos de branco e descalços, enquanto o CEO da empresa, Alê Costa, entoava cantos. Alguns participantes teriam sido incentivados a fazer tatuagens com a palavra “atitude”, semelhante à do próprio empresário.
Além disso, os relatos envolvem assédio moral, homofobia, gordofobia, e retaliações a quem se recusava a participar das atividades místicas. As acusações foram formalizadas e encaminhadas ao Ministério Público do Trabalho (MPT), com um dossiê que relata casos de humilhação pública, discriminação estética, perseguições e omissão da direção diante de condutas abusivas de superiores hierárquicos.
Segundo o documento enviado ao MPT, “a maioria das vítimas tem medo de denunciar e sofre em silêncio, pois a franqueadora tem mão de ferro e costuma retaliar quem fala publicamente sobre os abusos”.
A Cacau Show nega as acusações e divulgou nota à imprensa esclarecendo que as práticas descritas não fazem parte da cultura organizacional da empresa. O CEO, Alê Costa, também se pronunciou em mensagem interna aos funcionários após a repercussão do caso.