Municípios mais pobres do país seguem esquecidos por emendas parlamentares e enfrentam abandono estrutural 4o2320

Da redação
Cidades com os piores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil seguem à margem das emendas parlamentares, apesar de enfrentarem sérios problemas estruturais, como falta de saneamento, saúde precária e analfabetismo elevado. Levantamento mostra que, das 20 cidades mais pobres do país, 15 não receberam verbas federais via emendas há pelo menos um ano, e, quando receberam, os valores foram baixos — muitas vezes inferiores a R$ 1 milhão.
O município mais pobre do país, Melgaço (PA), com IDH de 0,418, recebeu apenas R$ 500 mil no ano ado, enquanto cidades vizinhas e com melhores conexões políticas, como Gurupá, conquistaram mais de R$ 9 milhões. A cientista política Luciana Santana, da UFAL, aponta que o critério político tem prevalecido sobre o critério técnico na destinação dos recursos, favorecendo aliados de governadores e deputados em detrimento das cidades mais vulneráveis.
A desigualdade na distribuição das emendas se repete em outros estados. Em Inhapi (AL), onde menos da metade da população tem água encanada, o último ree foi de R$ 900 mil, enquanto cidades vizinhas politicamente alinhadas receberam até dez vezes mais. Além disso, há municípios que aguardam verbas há anos, como Bagre (PA) e Fernando Falcão (MA). Segundo especialistas, emendas parlamentares podem representar a maior parte do orçamento dessas localidades, mas, quando distribuídas de forma opaca ou baseada em alianças políticas, apenas aprofundam a desigualdade já existente. Com informações do jornal O Globo.